ESCONDER SPOILERS

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Intouchables - Intocáveis (2011)


"- Pour Où?
- Respirer de l'air frais."

Esse filme me tinha sido recomendado por um colega de trabalho que tem um gosto muito bom para filmes e que tem o dom de encontrar pérolas escondidas. Muitas vezes eu fico surpreso com o que ele consegue achar. Também fui sutilmente forçado a assisti-lo por uma amiga.

Já tinha ouvido falar do filme, mas pra dizer a verdade a sinopse no IMDB não me interessou nem um pouco. Apesar de todas as indicações e da nota consideravelmente alta dele, não pretendia assistir ao filme em nenhum momento num futuro próximo até ver o trailer, ai eu fique realmente interessado. Como disse algumas vezes, o objetivo de um trailer é fazer com que você queira ver o filme e esse com certeza cumpre perfeitamente com a sua função.

Depois de ver o filme eu consigo entender porque ele causa toda essa comoção. Ele é bom, pra dizer a verdade é muito bom. Em geral gosto de filmes Franceses, eles tem um ar especial que é difícil de explicar. Pela sinopse eu imaginei que fosse um drama padrão, algo do tipo "Deficiente rico contrata moço pobre e os dois acabam se ajudando e vivem felizes para sempre".

Bem... Depois de escrever isso eu percebi que no geral o filme não foge muito disso. Pode ser que a história não seja tão original assim, mas é muito bem executada. Todos os personagens são carismáticos e não tem como não gostar deles, provavelmente o ponto forte do filme seja esse, como você simpatiza com os personagens é muito difícil não gostar dele.

Gosto bastante de filmes que começam com uma cena do meio/final, depois voltam para o começo da história e explicam como chegaram naquele momento. Posso destacar dois outros momentos que também são muito legais e bem feitos. Durante a festa de aniversário do Philippe, onde ele pede para a orquestra tocar várias composições famosas para ver qual delas o Driss conhece. O outro momento é mais próximo do final, quando eles vão se hospedar em um hotel litorâneo, onde o Driss faz a barba do Philippe, deixando somente um bigode no estilo "Holocáustico" (se me permitem o neologismo) e começa a fazer uma imitação. É bem engraçado.

O filme tem quase duas horas, mas elas passam tão rapidamente que nem se percebe. Isso é uma das características de um filme bem feito, apesar de existirem exceções nos dois casos. Ele tem momentos cômicos e momentos dramáticos, mas todos muito bem executados. Pode ser que esse balanço também contribua para a sensação de que o tempo passou sem ser percebido.

Posso facilmente recomendá-lo pra qualquer um que goste de um bom filme, ele não tem nenhum momento ruim e não pude perceber nenhuma falha. Se alguém deixou de assisti-lo ao ler a sinopse e pensou que se trata de um filme bobo e sem criatividade, eu diria para dar uma chance mesmo assim, você vai ver que o que ele pode deixar a desejar em criatividade ele mais que compensa em carisma e qualidade.

Um dos trailers mais bem construidos que já vi em algum tempo.


No IMDB

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

To Rome with Love - Para Roma, com Amor (2012)


"- Well, with age comes wisdom."
"- With age comes exhaustion!"

Sou um grande fã do Woody Allen, vi praticamente tudo o que ele escreveu ou produziu ou dirigiu e pretendo assistir a tudo em breve. Ele tem uma visão muito particular das coisas e consegue ser tão versátil, tanto suas produções dramáticas como as cômicas são na pior das hipóteses medianas.

Vi vários reviews desse filme e em muitos deles era comentado como a qualidade de seus filmes vinha diminuindo de um tempo pra cá, como se fazer um filme por ano fosse somente mais uma obrigação. Bom, até o Midnight in Paris eu discordava disso, mas o To Rome with Love me pareceu um pouco mais fraco que seus filmes habitualmente são.

Tenho que dizer que enquanto assistia ao filme estava pensando que esse talvez fosse sua pior produção até a data, mas quando o filme terminou eu mudei de ideia. Ele é um ótimo exemplo de que muitas vezes o todo pode ser muito maior que a soma das partes. Diferente do Cloud Atlas, onde as histórias se interligam, mas deixam um resquício de terem sido forçadas demais, as histórias aqui são independentes, mas ainda assim são mais naturais e fluidas. Analisando-o por completo temos uma visão diferente de quando vemos somente cada uma das histórias que são contadas paralelamente.

Pode ser que esse filme em especial tenha ficado um pouco mais "morno" porque ele não pende realmente para lado nenhum, não é um drama, não chega nem perto de algo como o Cassandra's Dream, mas também não é uma comédia como o Bananas. Não se encaixando em nenhum lugar ele acaba ficando meio sem um propósito verdadeiro. Alguém pode dizer: "Muitos filmes dele não se encaixam em nenhuma das duas definições." Sim, isso é verdade, mas nem por isso esses outros filmes são tão sem graça como esse.

Não me entendam mal, ele não é ruim (como eu disse na pior das hipóteses sai uma coisa mediana), porém, eu esperava muito mais. Bons atores, um bom diretor e escritor (o próprio Woody), quer dizer, não tem muito onde colocar a culpa. Não sei... o filme simplesmente não me convenceu.

Apesar de muitas pessoas discordarem, eu gosto bastante da atuação do Woody Allen, porque podem observar, em todos os seus filmes, mesmo nos que ele não atua, existe um personagem que é exatamente a cara dele e não existe melhor ator para interpretar você do que você mesmo. Nesse filme, entretanto, eu pude perceber que ele já não tem mais o mesmo carisma de antigamente, parece mais cansado e sem o mesmo ânimo, não estava mais tão neurótico.

Os outros personagens também não são exatamente cativantes. Gostei do Alec Baldwin, ele estava bem como essa “pseudo-presença” nas cenas, até agora não tenho certeza se ele estava realmente lá ou se na verdade ele estava contando a história de quando morou naquele lugar. Fora isso não acho que a distribuição dos papéis tenha sido muito feliz, a Penélope Cruz e a Ellen Page foram muito subaproveitas, muito mesmo, elas têm potencial para muito mais do que o apresentado.

Mesmo levando em consideração todas as falhas do filme, ainda se trata de uma produção do Woody Allen, então eu recomendaria sim o filme para pessoas que gostam do trabalho dele, apesar de não ser nenhuma obra-prima é totalmente “assistível”. Quem procura um filme água-com-açúcar também ira gostar.

O trailer não é ruim, tem uns dos momentos mais engraçadinhos do filme. Com não tem muito o que ser estragado na história, ele não prejudica mostrando nada que não deveria.



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Cloud Atlas - A Viagem (2012)

 "The weak are meat and the strong do eat!"


Não vou dizer que o trailer não havia me deixado intrigado, até porque é um trailer incomumente longo, mas isso não teria sido o suficiente para me fazer assistir ao filme no cinema. Porém tudo mudou quando vi que era escrito (a adaptação para o cinema) e dirigido pelos irmãos Wachowski, isso, foi mais do que suficiente para me convencer.

A primeira palavra que me vem à cabeça quando terminei de vê-lo foi “épico”. Não pela qualidade do filme (falarei sobre isso a seguir), mas pela jornada que ele descreve. O filme tem quase cento e oitenta minutos, abrange literalmente centenas de anos e têm inúmeros personagens diferentes (apesar de ser essencialmente os mesmos sete ou oito todo o tempo).

O filme não é ruim, mas também não é nada que se compare a um Matrix ou um V for Vendetta. Confesso que estava esperando algo realmente especial, talvez até melhor que os filmes anteriores deles, esse pode ter sido o principal motivo do meu desapontamento. Eles setaram o padrão muito alto e não é uma tarefa fácil manter todas as produções nesse nível.

Quero deixar bem claro que a qualidade de produção do filme é excelente, nesse departamento eles não deixam nada a desejar, desde os efeitos especiais até a maquiagem e o cenário, tudo muito bom mesmo. A parte sonora também é da mais alta qualidade. O que deixa a desejar mesmo é a história. Ela é, na medida do possível, bem executada, mas pra começo de conversa eu acho que eles não tinham nada muito interessante, então por melhor que tenha sido a execução, não seria nada tão impactante como o Matrix ou o V.

Um filme, na sua totalidade, mediano, porém com alguns fatores que o deixam um pouco mais interessante. Gostei bastante das atuações do Hugo Weaving e do Tom Hanks. Nada que supere o Agente Smith ou o Forrest Gump, mas ainda assim boas atuações de bons atores. Percebi a referência ao filme Soylent Green, mas tenho que confessar que não sabia a que filme ela pertencia, só percebi que se tratava de uma referência a algo.

Uma coisa me deixou desapontado: toda a história que se passa com a Sonmi-351 é basicamente um Matrix piorado. Uma trabalhadora que é basicamente um número em uma grande corporação, alguém pertencente à resistência vem buscá-la, pois ela é a "escolhida"; Um mentor que acredita no potencial dela; um momento de hesitação em prosseguir com o plano; O uso de pessoas mortas para alimentar as que ainda estão vivas. Quase exatamente igual. Um pouco de criatividade não faria mal.

Recomendo-o para quem gosta de ficção, quem gosta de filmes onde várias histórias são contadas simultaneamente. Apesar de tudo é um filme muito bem feito, com certeza vale o preço do ingresso, só não vá esperando algo como as produções anteriores dos irmãos Wachowski, pois você com certeza irá se decepcionar.

Segue o trailer. Com quase seis minutos é praticamente um pequeno filme por si só. Não diria que ele prejudica a história, apesar de mostrar muitas cenas do filme ainda assim consegue não revelar nenhuma informação essencial.




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O homem que copiava (2003)



 "38 reais."

Estava pensando sobre qual filme eu faria o próximo review quando me ocorreu que nunca falei nada sobre nenhum filme brasileiro e ultimamente o cinema brasileiro melhorou muito (por ultimamente quero dizer nos últimos dez a quinze anos, se não mais).

Já tinha até o review do "O cheiro do ralo" pronto, mas com todo esse período de festas ele acabou ficando sempre para uma próxima semana. Bom, estava pensando em colocar esse review como o dessa semana, mas ai surgiu "O homem que copiava". Logicamente eu lá tinha ouvido falar dele, só que muito timidamente e de um jeito que nunca me instigou a vê-lo.

O tempo passou e eu me esqueci dele. Porém, nesse final de ano ele estava passando na televisão. Acabei vendo uns pedaços muito rapidamente, mas foi o suficiente para me deixar interessado.

Consegui assisti-lo nessa semana, e posso dizer que é um filme surpreendente. É muito bom, muito melhor do que eu esperava. Ele realmente começa como quem não quer nada, mas mesmo assim já te prende. Aí a história começa a evoluir, tomar uns caminhos inesperados e acaba sendo uma verdadeira odisseia de acontecimentos. Gostei muito mesmo do filme.

Ele consegue ser interessante o tempo todo e não é um filme curto, tem um pouco mais de cento e vinte minutos, o jeito como a narrativa é construída me agradou muito, esse quase monólogo mas não exatamente é ótimo! Acho que é muito fácil se identificar com isso, afinal quem nunca deu conselhos a si mesmo, ou ficou imaginando uma cena de várias formas diferentes. Os personagens também são muito carismáticos e bem construídos.

O modo como as cenas são montadas vária bastante. Em alguns momentos me lembrou bastante o modo como os cartoons da séria Monty Python's and the flying circus são feitos. Uma das cenas deu a impressão de ser construída para parecer a mistura de uma Ópera com um filme mudo ou algo do gênero.

As ilustrações feitas pelo André no filme me lembraram dos desenhos do Glauco, não sei se só eu tive esse impressão e não sei se foi algo proposital.

Não posso dizer que foi o melhor filme brasileiro que já vi, pois ele compete com vários outros filmes muito bons em categorias diferentes, o que os torna impossíveis de serem comparados, porém posso dizer com certeza que ele tem um estilo único e foi um dos melhores filmes que já vi até hoje.

Recomendo para qualquer pessoa. Se você por acaso ainda não viu assista-o na primeira oportunidade que tiver. Apesar de não ter sido um filme amplamente divulgado (até onde eu me lembre) ele é muito, mas muito bom mesmo e merece ser visto mais de uma vez, não só pra quem gosta do cinema brasileiro, mas por todos.

Fico feliz de não ter assistido ao trailer antes de ver o filme, ele conta basicamente todas as mudanças e surpresas na história e ainda por cima não te deixa com vontade de assistir!



Dessa vez não vou colocar só o trailer, porque se você fizer uma busca pelo filme no google, um dos primeiros resultados é um canal no YouTube com o filme completo. Não sei se isso é legal ou não, mas se ainda não tiraram de lá deve ser. Em todo caso, se alguém tiver interesse aqui está ele: