ESCONDER SPOILERS

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Foul Gesture (Tnu'a Meguna) - Gesto Obsceno (2006)



Depois de ver alguns filmes iranianos nada mais justo do que assistir a um filme israelense. Mas não foi por isso que eu cheguei nesse filme. Na verdade ele me foi indicado por um amigo do trabalho que tem a habilidade de encontrar filmes mais obscuros do que os que eu encontro!

O filme é bastante interessante, apesar de se basear em uma história que parece bem boba. Como o nome sugere tudo começa com um "gesto obsceno", mas a coisa se comporta como uma bola de neve e acaba com proporções absurdas. Falarei um pouco mais sobre isso à frente.

Ele também é muito bem feitinho. Que eu me lembre, esse é o primeiro filme israelense que eu assisto. Gostei bastante. Eles não têm uma maneira de fazer cinema como a nossa aqui, mas também não é tão parecida com a iraniana, (por serem de regiões próximas achei que isso ia acontecer, mas não. Lógico que com um filme só é impossível ter um parâmetro de comparação, pretendo assistir a mais alguns filmes israelenses em breve para poder ter algo me que me basear).

Ele realmente não tem nada que se destaque muito, achei o filme bem normal. Isso não quer dizer que ele seja ruim, mas não é um filme excepcional também. O mais interessante dele está na história, ela mostra bem como às vezes não há nada que possa ser feito usando os meios "legais", não importa em que país se viva.

ATENÇÃO: TRECHO COM SPOILERS
É um filme que não se concentra tanto na parte visual, mas na sonora. É muito curioso ver como quando toca aquela sirene (me pareceu que o uso principal dela seria anunciar ataques aéreos) todos param em sinal de respeito, pois nesse caso ela está sendo tocada em homenagem a alguém (durante o filme ela toca em alguns feriados). 

E quando eu digo que todos param, eu quero dizer todos mesmo, não importa se você está trafegando por uma rodovia ou se está a ponto de agredir alguém. Eles simplesmente param durante o tempo em que ela toca. Da primeira vez que isso aconteceu eu nem tinha percebido, pois aconteceu no momento em que eles haviam descido do carro para ver os estragos na porta do carro.
TRECHO COM SPOILERS

Um comentário meio nada a ver com nada, mas eu achei isso muito peculiar: eles aparentemente tratam o domingo como um dia normal da semana, o filho dele foi à escola, a esposa trabalhar e o que parecia ser uma repartição do governo estava funcionando normalmente. Isso é o tipo de coisa que nunca aconteceria aqui no Brasil! 

Diria que apesar de ser um filme pouco conhecido ele não tem muitas restrições, pode ser assistido tranquilamente por qualquer pessoa. Posso dizer até que ele é bem mais normal do que eu esperava.

O trailer é bem razoável. Meu único problema com ele é que mostra algumas cenas com um sentido totalmente deturpado, mas fora isso não tenho muitos problemas com ele, não revela muito do que não devia.








Quase não tem informação nenhuma mas: No IMDB

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Parenti serpenti - Parente é Serpente (1992)


 "Sono tutti pazzi!"

O fim do mundo passou e aqui estamos nós, tenho que admitir que fiquei um pouco desapontado, não esperava que o mundo fosse acabar de fato, mas bem que pelo menos alguma coisinha podia ter acontecido... Bem, agora só nos resta esperar ansiosamente a definição de uma próxima data do apocalipse e comemorar o natal e o ano novo.

Filmes com a temática natalina existem vários, porém tenho que admitir que mais de noventa por cento dos que eu conheço são aqueles filmes bobinhos que a indústria cinematográfica estadunidense sabe fazer tão bem. Então estava tendo certo problema em encontrar um filme que valesse a pena fazer um review.

Já tinha me decidido pelo It's a Wonderful life (um clássico, dos menos bobinhos e com o sempre excelente James Stewart) quando um de meus colegas de trabalho comenta que havia visto um filme italiano recentemente e que tinha achado divertido. Resolvi dar uma olhada e para minha surpresa o filme também tem uma temática natalina. Conclusão, o It's a Wonderful life e o senhor Stewart vão ter que aguardar uma próxima oportunidade.

Os únicos filmes italianos que tinha visto até hoje foram dramas. Posso dizer que os italianos são mestres na arte de fazer filmes sobre a tristeza e a melancolia. Mas esse filme ao contrário é uma comédia, portanto estava muito curioso em saber como eles se sairiam.

Não foi a coisa mais engraçada que já vi, mas isso não significa que ele seja ruim. O filme é bem divertido, pelos filmes que vi, posso dizer que os italianos são bem emotivos, então creio que eles tenham facilidade em tratar tanto da tristeza como da alegria.

Como era de se esperar é um filme com muita gesticulação, gritaria, macarrão e vinho. E não falo isso de um modo pejorativo, muito pelo contrário, sou descendente de italianos por isso sei que não teria como fugir muito disso, está no sangue. A primeira cena que mostra todos reunidos na mesa me foi muito familiar, me lembrou da época em que fazíamos as festas de final de ano na casa de meus avós maternos.

Por falar em família reunida na mesa, é interessante notar que mais da metade do filme se passa durante alguma refeição, durante o preparo das mesmas ou em uma mesa de restaurante.

A recente mudança na política mundial (extinção da união soviética em dezembro de 1991) também é um tema abordado várias vezes durante o filme e pode-se notar que é algo que os preocupa muito, em vários momentos os personagens comentam sobre isso. Outra coisa muito interessante é ver como os italianos são católicos fervorosos, tanto indo na missa da meia-noite quando ficando totalmente quietos quando passa uma  procissão pelas ruas da cidade.

SPOILER
Diria que o filme fica mais engraçado um pouco depois da metade, quando os avós dizem que decidiram ir morar com algum dos filhos. Ai verdadeiramente começa toda confusão. Antes disso existem alguns momentos bons, como quando a enguia escapa do balde, mas no geral nada que me fizesse dar rizada.
SPOILER

Não vou contar o final do filme, mas posso dizer que fiquei um pouco surpreso. Em um dado momento é insinuado o que os personagens têm em mente, mas eu me recusei a acreditar que eles realmente iam fazê-lo até que eles realmente fazem.

O pôster desse filme é muito bom, um dos melhores que já vi até hoje, é muito espirituoso e ilustra perfeitamente o filme.

Recomendaria esse filme pra quem gosta do cinema italiano, em nenhum outro lugar do mundo vocês vão encontrar tanta gente falando alto e gesticulando sem que isso prejudique a qualidade do filme. Ele é um ótimo filme para se passar o tempo e a época não poderia ser mais propícia.

Não consegui encontrar um trailer do filme, mas quem quiser ter uma ideia de como é o filme vou colocar uma cena que consegui encontrar.



No IMDB 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

2012 (2009)


 
"Always remember, folks. You heard it first from Charlie."

Estejam os Maias certos ou não, esse filme foi baseado na ideia de que sim, o mundo vai acabar em 21 de dezembro de 2012. Bem, amanhã acaba o suspense e finalmente saberemos a verdade. Mas uma coisa é certa, se o mundo for realmente acabar e você tiver a oportunidade de assistir somente mais um filme antes do fim, posso dizer com certeza pra ficar bem longe desse!

É uma pena que esse filme seja ruim, pois desde seu lançamento eu estava ansioso para assisti-lo mas nunca tive a oportunidade. Mal sabia eu que não estava perdendo nada. Digo que é uma pena ele ser ruim, pois o filme tinha potencial. Quer dizer, John Cusack, Woody Harrelson e Danny Glover! Tudo bem, eles não são os melhores atores do mundo, mas de maneira nenhuma são ruins e nem estavam mal no filme. O problema do filme não são as atuações, nem uma má execução, o problema é que é todas as situações são muito forçadas, e não digo James Bond forçado, não, ele consegue ir muito além.

O pior de tudo é que a história não é tão impossível (assumindo lógico que seja de fato o fim do mundo), é plausível, mas toda cena em que eles têm que ir de um lugar para o outro é sempre no último momento possível, eles conseguem escapar no último milésimo do último segundo. E não uma vez, não duas, mas SEMPRE. Chega uma hora que é demais, até o mais tolerante dos espectadores ficaria abismado.

Triste, pois algumas cenas são bem divertidas, como quando eles atravessam o prédio caindo com a limusine, a cena do parque Yellowstone também é bem feitinha (exceto a parte final dela que é horrível). A parte "contenção de danos" é legal e bem feita. Se tivessem a ideia de separar isso do resto e criar um filme a parte só com ela com certeza seria bem melhor do que o que se tem agora.

Muitas das cenas nem sentido fazem. Vou dar um exemplo: A cena em que eles estão na "arca" e os compartimentos são fechados por existe um vazamento no casco. Pra começo de conversa, por que raios um navio gigante como aquele teria compartimentos de no máximo 50 metros quadrados?! Mas não é só isso, fica pior, sendo o objetivo de esse compartimento minimizar os danos que um vazamento poderia causar, por que raios ele tem uma grade como teto?? Isso inutiliza totalmente o compartimento. A única explicação que resta é que ele só existia para matar alguém...

Só não parei de assistir o filme no meio porque, apesar de tudo, ele tem momentos divertidos, momentos bem feitos e bem elaborados, então as  coisas meio que se equilibravam: uma parte difícil de assistir e uma que era agradável. Essas partes me mantiveram assistindo por todos os cento e cinquenta e oito minutos, mas posso dizer que não vale a pena. Fazer o que, nem todo filme pode ser bom, não é mesmo?

Mas final é de longe a pior parte. Eu até entendo qual foi a ideia deles colocando um final feliz e dizer "Mesmo com tudo o que se passou a humanidade ainda conseguiu sobreviver". Mas não, simplesmente não! Tem coisas que não se faz porque não tem cabimento. Tanta coisa torna esse final impossível que eu nem vou perder meu tempo tentando enumera-las.

Porém, sejamos justos, o filme tem algo que me deixou impressionado e que deve ser aplaudido e usado em outras produções, quando eles mostram cenas com pessoas em países diferentes, eles usavam a língua nativa de onde se encontravam. Um detalhezinho, mas que faz toda a diferença.

Não recomendo esse filme, mas se alguém ainda assim quiser assisti-lo antes do fim(?) eu diria que ele tem o potencial de não decepcionar tanto pessoas que gostam de ficção. Ele tem vários dos pontos clássicos de um filme desse gênero, como uma situação fora do comum, pessoas que só estão na história porque alguém precisa morrer, coisas assim.

Gostei do trailer, é limpo, efetivo e melhor que o filme.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

The Hobbit: An Unexpected Journey - O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012)


"Baggines? What is Bagginses?... Precious."

Não posso dizer que estava esperando avidamente pelo lançamento, mas mesmo assim iria assistir ao "O Hobbit" na primeira oportunidade que tivesse. Gosto do mundo criado pelo Tolkien e gostei da trilogia "O Senhor dos Anéis" (mais dos livros do que dos filmes).

Sempre que possível tento ver o filme após ter lido o livro, fiz isso com a trilogia original e talvez seja por isso que eu tenha gostado mais dos livros. Pra dizer a verdade noventa por cento das vezes o livro é melhor que o filme, não importa em que ordem você os assista ou leia. O caso mais absurdo que eu consigo me lembrar é o do One Flew Over the Cuckoo's Nest, o livro é excelente, mas (apesar do que a maioria do mundo diz) eu não gostei do filme, mesmo com um dos personagens principais sendo interpretado pelo Jack Nicholson, eles mudaram a ordem das coisas, tudo ficou jogado e sem significado, não gostei nem um pouco do filme.

Mas esse post não é pra falar desse filme, mas do "O Hobbit". Não li o livro, confesso que até tentei, mas achei-o muito chato e parei logo nas primeiras páginas (o "O Senhor dos Anéis" também é bem maçante no começo, mas fica muito melhor logo depois), então não posso dizer se eles seguem fielmente o livro ou se usam ele apenas como base.

Falando nisso, que coisa estranha foi dividir o livro em três partes. Na trilogia original isso é compreensível, pois realmente são três livros razoavelmente longos e seria impossível colocar tudo em um filme só (do jeito que foi feito muita coisa já teve que ser deixada de fora), mas "O Hobbit" é bem mais curto que qualquer um dos outros três livros, então não vejo motivo para dividi-lo em três partes, para mim isso parece apenas uma desculpa pra tentar lucrar o máximo possível com a história.

No final das contas, gostando ou não o que teremos são três filmes e pronto, só nos resta torcer para que eles sejam no mínimo bons. Posso dizer que pelo menos um terço do objetivo foi concluído com sucesso. O filme é bom, não sei se melhor que a trilogia original, mas respondeu às minhas expectativas, é divertido, visualmente bem feito (apesar de eu ter achado que alguns dos efeitos poderiam ter sido um pouco mais lapidados, eles pareciam claramente falsos).

Tem muito mais cenas de ação que "A sociedade do anel". Eu sei que a todo momento estou comparando o filme com a trilogia original, mas isso é inevitável já que muitas das pessoas envolvidas são as mesmas, não tem como fugir das comparações.

O filme é bem comprido, com quase três horas, e chega a ser tedioso em alguns momentos, mas não considero isso uma falha do filme em si, algo tão longo acaba cansando em algum momento.

Ele com certeza têm algumas cenas que se destacam: a parte com os Trolls é muito boa; quando o Gandalf aparece a primeira vez também é bem legal, provavelmente por eu saber quem ele é, então essa cena todo uma importância muito maior. O mesmo pode ser dito do encontro com o Gollum, o que para mim foi o ponto alto do filme.

Sem dúvida nenhuma recomendo a fãs da trilogia original, (se você gostou dos livros ou dos filmes assista a esse também). Qualquer um que goste de filmes nesse estilo medieval-fantasia também não irá se arrepender.

Não creio que a versão que eu vi tenha essa nova tecnologia "High Frame Rate" na qual ele foi filmado, pelo que sei somente alguns cinemas tem a capacidade de reproduzi-la. Até espero que não tenha visto ela em ação, pois se vi não percebi diferença nenhuma!

O trailer mostra várias cenas que nem no filme estão. Provavelmente são das próximas "partes". Ver o trailer me lembrou de algo, (nada importante, mas gostaria de ao menos comentar sobre isso) em minha opinião as cantorias são totalmente desnecessárias e poderiam muito bem ser eliminadas do filme, o lado bom é que elas são poucas e curtas.

 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Shivers - Calafrios (1975)


"...He tells me that even old flesh is erotic flesh, that disease is the love of two alien kinds of creatures for each other, that even dying is an act of eroticism."

Um filme de David Cronenberg, então com certeza não seria nada muito normal. Fiquei sabendo desse filme em um livro chamado "O clube do filme", nenhuma obra-prima, mas gostoso de ler e bem interessante pra quem gosta de cinema.

Bom, eu não diria que sou um fã do Cronenberg e dos seus filmes, mas eles são peculiares e únicos, por isso gosto de assisti-los de vez em quando para dar uma variada. Ele tem uma habilidade indiscutível em fazer qualquer objeto ter uma aparência incrivelmente orgânica e repulsiva, mesmo quando nem vivas elas deveriam ser, como é o que acontece no "eXistenZ".

Nesse caso são uns parasitas, eles parecem muito nojentos e vivos. O Cronenberg não tem nenhum problema em ser explícito em seus filmes, ele mostra entranhas quando elas tem que ser mostradas, mesmo que os efeitos não sejam exatamente perfeitos. Esse é um “filme B” e como todo filme do gênero que se preze tem baixo orçamento. Mas em minha opinião isso não atrapalha em nada.

Como foi feito no meio da década de setenta ele tem toda aquela ambientação da época, é engraçado como ele consegue transformar o clima de uma hora para outra. Diria que o filme é bem feito, ele não se propõe a muito, mas prende a atenção durante todo o filme.

Não tem nada de tão estranho como é o caso do eXistenZ, em várias ocasiões me pareceu estar assistindo a um filme de zumbis, onde ao invés deles estarem atrás do seu cérebro eles querem transar com você. Apesar de muito estranha, essa é provavelmente a melhor definição do filme.

ATENÇÃO: TRECHO COM SPOILER
Ele consegue fazer você sentir várias emoções enquanto o assiste. Por exemplo, quando o doutor percebe que a sua namorada está infectada, ele dá um “socão” na cara dela! Fiquei muito surpreso, do nada, um soco bem no meio cara dela! Em outra cena, após serem infectadas, uma menina e sua mãe saem do elevador e atacam o segurança. Essa cena é uma das mais assustadoras e também é um pouco perturbadora por ele ter incluído uma criança nessa orgia toda.

Mais de uma criança, aliás. E ele não para por ai, pra completar ele joga um incesto na jogada também. Eu entendo que o parasita te libera de todas "as travas sociais" e deixa somente com o impulso sexual, mas não precisava exagerar.

Outra cena bem interessante é quando a Janine vai ao apartamento da amiga dela. Ela não tem o parasita ainda, mas quando sua amiga começa a se insinuar, ela logo entra na dança sem problemas (ou quase sem problemas se levarmos em conta o fato dela ser casada e todo o resto, mas eram os anos setenta, creio que não havia tanto problema nessa época...).
TRECHO COM SPOILER

A versão do filme que eu assisti vinha com uma entrevista com o Cronenberg, e ele conta que essa foi uma das primeiras produções do gênero feitas no Canadá e como foi difícil conseguir verba para o ela. Entre outras coisas ele também comenta que alguns anos depois apresentou o filme em um festival na Alemanha e alguém na plateia ficou indignado por ele ter copiado a ideia do filme “Alien”, como o comportamento dos parasitas e outros detalhes. Ele calmamente se vira para essa pessoa e diz que o filme dele precede o “Alien” em vários anos e se alguém copiou a ideia podemos imaginar quem foi!

Recomendaria o filme para qualquer um que conheça e goste do trabalho do Cronenberg (obviamente) e pra pessoas que gostam de “filmes B", ele segue bem o padrão. Mesmo não sendo um grande fã do gênero gostei do filme, como disse ele é bem divertido e prende a atenção.

Um trailer muito bem feitinho. Me assutou mais do que o próprio filme!