"...He tells me that even old flesh is erotic flesh, that disease is the
love of two alien kinds of creatures for each other, that even dying is
an act of eroticism."
Um filme de David Cronenberg, então com certeza
não seria nada muito normal. Fiquei sabendo desse filme em um livro chamado
"O clube do filme", nenhuma obra-prima, mas gostoso de ler e bem
interessante pra quem gosta de cinema.
Bom, eu não diria que sou um fã do Cronenberg e
dos seus filmes, mas eles são peculiares e únicos, por isso gosto de
assisti-los de vez em quando para dar uma variada. Ele tem uma habilidade indiscutível
em fazer qualquer objeto ter uma aparência incrivelmente orgânica e repulsiva,
mesmo quando nem vivas elas deveriam ser, como é o que acontece no "eXistenZ".
Nesse caso são uns parasitas, eles parecem muito
nojentos e vivos. O Cronenberg não tem nenhum problema em ser explícito em seus
filmes, ele mostra entranhas quando elas tem que ser mostradas, mesmo que os
efeitos não sejam exatamente perfeitos. Esse é um “filme B” e como todo filme
do gênero que se preze tem baixo orçamento. Mas em minha opinião isso não
atrapalha em nada.
Como foi feito no meio da década de setenta ele
tem toda aquela ambientação da época, é engraçado como ele consegue transformar
o clima de uma hora para outra. Diria que o filme é bem feito, ele não se
propõe a muito, mas prende a atenção durante todo o filme.
Não tem nada de tão estranho como é o caso do eXistenZ,
em várias ocasiões me pareceu estar assistindo a um filme de zumbis, onde ao invés
deles estarem atrás do seu cérebro eles querem transar com você. Apesar de
muito estranha, essa é provavelmente a melhor definição do filme.
ATENÇÃO: TRECHO COM SPOILER
Ele consegue fazer você sentir várias emoções
enquanto o assiste. Por exemplo, quando o doutor percebe que a sua namorada
está infectada, ele dá um “socão” na cara dela! Fiquei muito surpreso, do nada,
um soco bem no meio cara dela! Em outra cena, após serem infectadas, uma menina
e sua mãe saem do elevador e atacam o segurança. Essa cena é uma das mais
assustadoras e também é um pouco perturbadora por ele ter incluído uma criança
nessa orgia toda.
Mais de uma criança, aliás. E ele não para por
ai, pra completar ele joga um incesto na jogada também. Eu entendo que o
parasita te libera de todas "as travas sociais" e deixa somente com o
impulso sexual, mas não precisava exagerar.
Outra cena bem interessante é quando a Janine vai
ao apartamento da amiga dela. Ela não tem o parasita ainda, mas quando sua
amiga começa a se insinuar, ela logo entra na dança sem problemas (ou quase sem
problemas se levarmos em conta o fato dela ser casada e todo o resto, mas eram
os anos setenta, creio que não havia tanto problema nessa época...).
TRECHO COM SPOILER
A versão do filme que eu assisti vinha com uma
entrevista com o Cronenberg, e ele conta que essa foi uma das primeiras produções
do gênero feitas no Canadá e como foi difícil conseguir verba para o ela. Entre
outras coisas ele também comenta que alguns anos depois apresentou o filme em
um festival na Alemanha e alguém na plateia ficou indignado por ele ter copiado
a ideia do filme “Alien”, como o comportamento dos parasitas e outros detalhes.
Ele calmamente se vira para essa pessoa e diz que o filme dele precede o “Alien”
em vários anos e se alguém copiou a ideia podemos imaginar quem foi!
Recomendaria o filme para qualquer um que conheça
e goste do trabalho do Cronenberg (obviamente) e pra pessoas que gostam de “filmes
B", ele segue bem o padrão. Mesmo não sendo um grande fã do gênero gostei
do filme, como disse ele é bem divertido e prende a atenção.
Um trailer muito bem feitinho. Me assutou mais do que o próprio filme!
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