ESCONDER SPOILERS

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Hævnen - Em um Mundo Melhor (2010)

"- Se bater nele, ele vai bater em você. Isso nunca vai acabar. Você não entende? É assim que as guerras começam.
- Não se você bater com força da primeira vez."


Quando li o nome do filme "Hævnen" e como a adaptação dele pra inglês foi "In a better world" eu estupidamente achei que o nome original do filme era "Céu". Não céu de "sky" mas céu no sentido de "paraíso". O que não faz sentido nenhum se você assiste ao filme, se o paraíso é assim, não quero nem saber como seria o inferno.

Resolvi olhar a tradução da palavra na internet e qual não foi minha surpresa quando descobri que "Hævnen" na verdade significa "vingança", ou algo nessa linha. Tudo passou a fazer muito mais sentido. Já disse uma vez e vou dizer de novo, não sei quem faz essas adaptações de nomes, mas com certeza é alguém que não faz ideia nenhuma do que está fazendo.

Vamos ao filme, ele trata de vingança (como o nome ORIGINAL sugere...), luto, ódio, perdão, tolerância e em um nível um pouco mais baixo de preconceito e alguns outros temas.

Agora de cabeça não me recordo de ter visto algum outro filme dinamarquês, mas posso dizer que eles parecem saber o que estão fazendo quando se trata de dramas o filme é muito bom. Interessantemente é um drama feito de uma maneira totalmente diferente dos italianos - mestres na arte de representar o sofrimento humano - mas ainda assim com o mesmo impacto final.

Posso dizer sem dúvida que esse é um dos filmes mais emocionantes que já vi até hoje. Ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2011 e até onde sei sobre seus concorrentes foi muito merecido. Não assisti a todos os outros, mas assisti ao Biutiful (também excelente, mas nem tanto) e ao Kynodontas (que filme bisonho, pretendo fazer o review dele em seguida).

É um filme muito bem feito, e visualmente muito bonito, com cenas da paisagem local entremeando a história e que consegue contar muito bem a história de todos os seus personagens. Não sei se propositalmente, mas ele começa fazendo você pensar de um modo e termina mostrando que o melhor mesmo é o outro modo de ver as coisas.

Também fiquei um pouco confuso com o começo, (não vou colocar isso como spoiler, pois se passa nos primeiros minutos do filme, então é inofensivo) ele mostra a cena de um médico na África e depois um menino lendo o trecho final da Fábula do Rouxinol. Não sabia se o menino era o tal médico no passado ou se tratava de outra pessoa totalmente diferente, por um segundo fiquei perdido, mas depois o próprio filme se explica e tudo fica claro.

Fora isso não há muito que dizer sobre o filme, apesar de tudo ele é bem comum eu diria, bem parecido com os filmes americanos. Mas não se deixe enganar por esse "comum", pois apesar disso ele consegue passar sua mensagem muito efetivamente.

Recomendaria a todos, sem exceção, o filme é maravilhoso, posso dizer sem hesitação que se tornou um dos meus filmes favoritos. E prepare-se, porque a menos que você seja feito de pedra com certeza irá chorar.

Tinha encontrado outro trailer com legendas em português, mas ele era muito ruim mesmo. Esse é bem melhor:




segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O cheiro do ralo (2006)

 "Os convites já estão na gráfica."


Como disse no meu review do “O homem que copiava”, esse texto já está pronto há algum tempo, mas sempre aparecia alguma outra coisa que eu acabava dando prioridade. Deveria falar sobre algo mais carnavalesco para aproveitar a ocasião, mas acabei não procurando nada sobre o tema, então finalmente será a vez do “O cheiro do ralo”.

Já tinha ouvido falar do filme, mas a única coisa que eu sabia sobre ele mesmo é que era com o Selton Melo. Isso sem dúvida nenhuma é um ponto positivo, gosto bastante do trabalho dele, em minha opinião ele atua sempre muito bem. Li a sinopse e digo que foi o suficiente para atiçar a minha curiosidade.

Tinha dito que o Secretary possuía um clima bem surreal. Esse filme também tem esse clima, mas de um jeito totalmente diferente. Enquanto o Secretary era bem colorido e às vezes parecido com um sonho, esse é muito mais aquarelado e em tons pastéis. Não sei se foi algum filtro ou algum efeito de pós-produção, mas todos os cenários do filme são depressivos e dão a impressão de serem velhos e desgastados (intencionalmente, sem dúvida). Exceto pela lanchonete, lá as cores parecem muito mais vivas.

O filme começa bem brasileiramente eu diria, acompanhando uma bunda, a princípio eu não tinha entendido o motivo disso, mas depois fica claro que a bunda tem um papel muito importante na história. Na verdade, "coisas" tem um papel muito importante no filme. Como o personagem principal é dono de uma loja de penhores pode-se perceber o porquê disso, afinal a vida dele é basicamente avaliar o quanto algo vale e se é possível conseguir algum lucro com ela.

Gostei do filme, ele não é a melhor produção brasileira que eu já vi, longe disso, o próprio “O homem que copiava” é muito melhor. Não que eles possam ser comparados tão abertamente, pois são ideias diferentes, mas ainda assim o outro me prendeu mais. De qualquer jeito diria que ele com certeza vale pelo menos uma assistida, porque ele é um filme brasileiro um tanto incomum.

Normalmente os filmes brasileiros são mais diretos, tem uma história central bem definida e trabalham sobre ela. Esse filme não, ele é bem abstrato. Tem uma história central logicamente, pois precisa de algo em que se basear, mas o principal do filme é como o Lourenço se comporta e não a história em si.

Eu não esperava esse final, mas ele é totalmente compreensivo, pelo modo como ele trata todos a sua volta, sempre tentando descobrir como tirar vantagem de qualquer pessoa ou situação, sem se preocupar muito no que isso acarretaria. Normalmente essa prática acaba de um modo ou de outro conspirando contra você.

Não recomendo esse filme para todos, mesmo pra quem gosta de filmes brasileiros, pois como eu disse, ele não um filme brasileiro normal, é muito mais parecido com um filme independente, onde tudo é muito mais abstrato do que somente ver o que está passando na tela e entender isso, ele requer um pouco mais de analise e interpretação. Eu gosto disso, mas não é todo tipo de pessoa que se dá bem com esse tipo de filme. Quem gosta, porém, não irá se decepcionar.

O trailer não tem nada de muito danoso não, é bem razoável.





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Django Unchained - Django Livre (2012)

 "- Django. The D is silent"


Nunca fui muito com a cara do Tarantino, acho que ele tem uma fama muito maior do que realmente merece. Só porque você faz um filme com cenas de violência e muito sangue, não significa que você é um bom diretor e nem que seu filme é bom.

Porém, algumas vezes ele consegue fazer filmes que são bons de verdade. Esse é o caso do Django. O filme é muito bom, não tem o que discutir. O mais estranho é que eu li alguns reviews falando muito mal do filme. Não vi nada que justificasse. Como não sou fã do que o Tarantino produz, creio que pra eu achar um filme dele bom, o filme tem que ser bom de verdade. Ele sofre do mesmo problema do Tim Burton, no geral, não gosto muito das coisas dele, mas vez ou outra um grande filme acaba sendo produzido.

O filme foi classificado como western (faroeste), eu não vejo o porquê disso. O filme tem sim elementos característicos das grandes produções do Sergio Leone, mas não significa que o filme seja um faroeste. Pra começo de conversa o filme é muito colorido e até alegre demais para ser um faroeste. Segundo, só porque um filme tem armas e é ambientado em mil oitocentos e alguma coisa, não quer dizer que seja um faroeste! Para isso o filme tem que ter algo mais, uma alma sofredora, que você realmente consiga sentir a dor e o ódio fluindo.

Não que o filme seja leve, longe disso, o tema é controverso e tem cenas que são impressionantes, mas não tanto como eu esperava. Vi pessoas reclamando da violência explícita. Reclamação totalmente infundada por dois motivos: primeiro, o diretor é o Tarantino, o cara é um tanto sádico, ele não vai fazer nada bonitinho e fofinho; segundo, as pessoas não eram legais com os escravos, nunca foram. Creio que ele conseguiu reproduzir isso com uma boa dose de realismo no filme.

Gostei bastante dos personagens, o Jamie Foxx e principalmente o Christoph Waltz estavam bem carismáticos. Agora nem de longe o personagem do Leonardo DiCaprio é tão mal como estão falando por ai, achei ele bem normal, muito bem representado, mas normal (Para um dono de escravos sulista, obviamente).

Outra coisa que também achei totalmente fora de propósito: vi algumas reclamações sobre o filme ser muito mais longo do que ele deveria ser. Discordo totalmente. O filme não é curto, longe disso, tem quase três horas, mas ele precisa de todos os cento e sessenta e cinco minutos para contar a história. Em nenhum momento achei que eles estavam apenas "enchendo linguiça", a todo o momento existia algo essencial para a construção da história.

A cena onde os membros do “klan” fazem um ataque ao dentista e seu serviçal é muito bem feita e muito engraçada, eles se atrapalhando como os capuzes e tudo o mais é imperdível, excelentemente construída e executada. Foi hilária, porém também é um ótimo exemplo de algo que não deve existir em um faroeste clássico.

Bom, como podem perceber, eu gostei sim do filme, na verdade gostei mais do que esperava. O tempo passa muito mais rapidamente que no tão-longo-quanto Cloud Atlas. Esse sim é um filme que poderia ser mais curto. Antes que me esqueça, houve somente um ponto que eu não gostei no filme: a trilha sonora. Em alguns momentos não poderia ser escolhida uma música pior para tocar. Foi-me dito que o Tarantino sempre faz isso. Se ele realmente o faz, eu nunca tinha reparado ou não era algo tão destoante assim. Isso é algo um pouco chato, mas não chega a atrapalha muito não.

Recomendaria o filme para fãs do Tarantino (lógico), com certeza o filme tem o toque e como ele costuma fazer, a aparição dele. Só dessa vez não o suficiente para ser prejudicial. Pessoas que gostam de um bom filme também devem assisti-lo, a história é bem envolvente, o filme é visualmente muito bonito, espirituoso e bem feito. Diria que só pessoas com séria aversão a violência (ou uma quantidade excessiva de sangue) deveriam pular esse filme, todas as outras podem encontrar algo do que gostar no filme.

O trailer não é ruim não, curiosamente não me lembro de tê-lo visto nos cinemas.





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