"Os convites já estão na gráfica."
Como disse no meu review do “O homem que copiava”,
esse texto já está pronto há algum tempo, mas sempre aparecia alguma outra
coisa que eu acabava dando prioridade. Deveria falar sobre algo mais carnavalesco para aproveitar a ocasião,
mas acabei não procurando nada sobre o tema, então finalmente será a vez do “O cheiro do
ralo”.
Já tinha ouvido falar do filme, mas a única coisa
que eu sabia sobre ele mesmo é que era com o Selton Melo. Isso sem dúvida
nenhuma é um ponto positivo, gosto bastante do trabalho dele, em minha opinião ele
atua sempre muito bem. Li a sinopse e digo que foi o suficiente para atiçar a
minha curiosidade.
Tinha dito que o Secretary possuía um clima bem
surreal. Esse filme também tem esse clima, mas de um jeito totalmente
diferente. Enquanto o Secretary era bem colorido e às vezes parecido com um
sonho, esse é muito mais aquarelado e em tons pastéis. Não sei se foi algum
filtro ou algum efeito de pós-produção, mas todos os cenários do filme são
depressivos e dão a impressão de serem velhos e desgastados (intencionalmente,
sem dúvida). Exceto pela lanchonete, lá as cores parecem muito mais vivas.
O filme começa bem brasileiramente eu diria,
acompanhando uma bunda, a princípio eu não tinha entendido o motivo disso, mas
depois fica claro que a bunda tem um papel muito importante na história. Na
verdade, "coisas" tem um papel muito importante no filme. Como o
personagem principal é dono de uma loja de penhores pode-se perceber o porquê
disso, afinal a vida dele é basicamente avaliar o quanto algo vale e se é possível
conseguir algum lucro com ela.
Gostei do filme, ele não é a melhor produção brasileira
que eu já vi, longe disso, o próprio “O homem que copiava” é muito melhor. Não
que eles possam ser comparados tão abertamente, pois são ideias diferentes, mas
ainda assim o outro me prendeu mais. De qualquer jeito diria que ele com
certeza vale pelo menos uma assistida, porque ele é um filme brasileiro um
tanto incomum.
Normalmente os filmes brasileiros são mais
diretos, tem uma história central bem definida e trabalham sobre ela. Esse
filme não, ele é bem abstrato. Tem uma história central logicamente, pois
precisa de algo em que se basear, mas o principal do filme é como o Lourenço se
comporta e não a história em si.
Eu não esperava esse final, mas ele é totalmente
compreensivo, pelo modo como ele trata todos a sua volta, sempre tentando
descobrir como tirar vantagem de qualquer pessoa ou situação, sem se preocupar
muito no que isso acarretaria. Normalmente essa prática acaba de um modo ou de outro conspirando contra você.
Não recomendo esse filme para todos, mesmo pra
quem gosta de filmes brasileiros, pois como eu disse, ele não um filme
brasileiro normal, é muito mais parecido com um filme independente, onde tudo é
muito mais abstrato do que somente ver o que está passando na tela e entender
isso, ele requer um pouco mais de analise e interpretação. Eu gosto disso, mas
não é todo tipo de pessoa que se dá bem com esse tipo de filme. Quem gosta,
porém, não irá se decepcionar.
O trailer não tem nada de muito danoso não, é bem
razoável.
Basta se dizer que o filme é com o Selton Melo. Até hoje não assisti nenhum que tenha me decepcionado. Sou fã dos filmes brasileiros (atuais, lógico...), e este em especial me agradou bastante.
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