Encontrei esse filme ao ver onde mais a Leila Hatami havia trabalhado. Gostei bastante dela no A Separação, acho uma pena ela não ter aparecido mais no filme. Não sei se foram só esses dois filmes ou se os diretores iranianos realmente gostam de temas bem complicados e não tão triviais para nós. Pretendo descobrir isso com o tempo, pelo pouco que eu vi gostei do cinema iraniano.
Como disse uma vez quando ainda fazia os reviews no facebook, cada região tem um jeito muito peculiar de fazer filmes, aparentemente os iranianos conseguem contar muito e ainda assim passar uma sensação de que quase nada aconteceu, é difícil explicar e eu não sei porque isso ocorre, mas assistindo ao filme isso com certeza fica mais claro.
Aqui no ocidente passam uma visão totalmente diferente do homem iraniano. Eles vivem sem dúvida nenhuma em uma sociedade extremamente machista, com todo o negócio da mulher não poder sair de casa sem estar toda coberta e por ai vai, mas nos filmes é possível perceber como apesar de tudo isso, eles ainda consideram e respeitam bastante suas esposas e mães. Nesse filme isso é ainda mais evidente. Para mim é algo muito contraditório e difícil de compreender.
O filme é bem feito e a história interessante, a parte dos diálogos internos é uma coisas que fazia bastante tempo que não via, normalmente as produções do Woody Allen usam esse tipo de narrativa. Algo que eu achei que ficou bastante estranha é o modo como eles fizeram as cenas em que os personagens falam com alguém ao telefone (e isso acontece bastante nesse filme), eles não mudam nem um pouco a voz da pessoa do outro lado da linha então parece que tem alguém ao lado da câmara respondendo, o que passa um certe estranheza mas não chega a atrapalhar o filme.
Cada vez que o telefone tocava eu ficava angustiado (pelo que se desenrola na história e não pelo que disse acima). Não vou comentar muito sobre isso porque senão vou ter que falar muito sobre a história e não quero estragar a experiência de assistir ao filme, mas acredito que vocês também vão sentir essa angústia.
Isso vai ficar meio fora de contexto mas tem que ser comentado: A última coisa que esperava ver é um boneco gigante do Marsupilami, e ainda assim lá está ele! Acredito que muita gente nem saiba o que o Marsupilami é (por isso coloquei o link!), e quem sabe com certeza não esperaria ver ele num filme como esse (ou em qualquer outro filme para dizer a verdade).
Com certeza não é o tipo de filme que recomendaria para qualquer pessoa, pelos mesmos motivos que não recomendo o A Separação. Como disse antes acho que é uma característica do cinema iraniano esse contar-muito-e-dar-a-impressão-de-que-nada-aconteceu, e em Leila isso é ainda mais evidente. Outro motivo é que o final também pode não agradar a todos. Fora essas ressalvas, diria que é um filme bem interessante, quem gosta de filmes mais "cults" provavelmente vai gostar bastante dele.
Já vou avisando que o trailer conta muito da história. Coisas que são reveladas no decorrer do filme já são ditas nele, eu preferiria assistir o filme sem saber essas coisas de antemão.